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Dimensão Social do viver em Cristo 

Carta de apresentação e promulgação do Plano Pastoral diocesano para o ano de 2010
O ano o que está a findar foi rico de acontecimentos extraordinários para a Santa Igreja de Deus que está em Angola. Lembro os principais: a visita do papa Bento XVI e a celebração do 2 Sínodo dos Bispos para África, O primeiro foi uma bênção para todo o povo angolano e um forte estímulo para os cristãos a intensificar a vivência da fé, esperança e caridade e a renovar o fervor da evangelização. Foi ao mesmo tempo uma imensa consolação para o Santo Padre, que ficou fortemente impressionado pela alegria e o entusiasmo do povo angolano; Ele conserva na sua mente e no seu coração a imagem grandiosa da multidão que participou na S. Missa celebrada na esplanada da Cimangola e continua a abençoar a nossa terra.
O segundo evento é mais recente; o Sínodo dos Bispos para África ocorreu no passado mês de Outubro em Roma no Vaticano, na casa do Papa; nele participaram sete Bispos angolanos; os seus frutos já começam a amadurecer na obra de justiça, paz e reconciliação que as comunidades estão a levar adiante e irão intensificar progressivamente.
Estamos a iniciar um novo ano, um período de graça na nossa vida pessoal e comunitária. No intuito da dar maior eficácia à acção pastoral, venho apresentar-vos e a promulgar o Plano pastoral da nossa diocese para este novo ano, plano que é fruto da reflexão, diálogo e oração dos participantes na Semana de pastoral recentemente realizada. O tema central da nossa reflexão foi baseado na mensagem dos Bispos da CEAST para toda Angola, mensagem cujo título é: O nosso viver e agir em Cristo na dimensão social. O plano consta de dois objectivos específicos: 1 implementar a pastoral da autosustentabilidade da Igreja; 2 potenciar as Comissões diocesanas da Cantas, de Justiça e Paz e a Associação dos juristas católicos para combate à corrupção.
Tenho a certeza que cada cristão e cada comunidade vai acolher com boa vontade este plano e vai implementá-lo com empenho e generosidade, vendo nele a manifestação da vontade de Deus para a nossa família diocesana ao longo deste ano.
“Vós sois o sal da terra.Vós sois a luz do mundo” (cf Mt 5, 13 e 14) nos diz Jesus. Queremos cumprir a Palavra de Nosso Senhor fazendo uma revisão de vida das nossas comunidades, quer no que se refere à organização interna, com o bom funcionamento dos conselhos pastoral e económico, quer na comparticipação fraterna com uma melhor organização e implementação da côngrua.
Cada comunidade é uma pequena igreja, é a família de Deus presente num determinado lugar: cada comunidade deve fazer resplandecer a luz de Cristo, que é a caridade fraterna. A côngrua é uma forma concreta de viver a caridade e a corresponsabilidade; é um dever essencial de cada fiel e uma forma eficaz de resolver muitos problemas das nossas comunidades. Queremos também contribuir a eliminar o cancro da corrupção na nossa sociedade com as acções e meios apresentados no plano e também com outras iniciativas que a Divina Providência nos tornar possíveis.
Exorto os párocos e superiores das missões a organizar de forma clara e transparente a pastoral da côngrua; exorto todos os fiéis a cumprir generosa e responsavelmente o próprio dever, para contribuir concretamente ao sustentamento das obras e obreiros da Igreja.
Com humildade e gratidão a Deus, nosso Pai, que tanto nos ama até entregar o seu próprio Filho por nós, iniciemos o novo ano de graça que nos é concedido; que seja um ano em que cada cristão cresce na fé, na esperança e na caridade, e cada comunidade vive mais intensamente a comunhão fraterna. Assim será um ano de bênção para todos e cada um dos filhos da Santa Igreja.
Com as minhas afectuosas saudações e a minha bênção apostólica.
Benguela, 21 de Novembro de 2009
†Eugénio Dal Corso bispo de Benguela

Fortalecer e purificar a nossa vida cristã 


Caríssimos,
Graça e paz vos sejam dadas por Nosso Senhor Jesus Cristo.
1. Já passaram quase seis meses desde que entrei como pastor na diocese de Benguela e hoje tenho a alegria de me dirigir a todos vós com esta carta, que espero possa ser lida no início do novo ano litúrgico. É um novo ano de graça que o Senhor nos concede, um ano de amor e de bênção com que Deus sempre acompanha a caminhada do seu Povo. A graça e o amor de Deus são a luz e a força que iluminam e fortalecem a nossa vida, a vida de cada cristão, que no baptismo foi “ arrancado do poder das trevas e transportado para o reino do seu Filho amado” (Col 1, 13), Jesus Cristo, nosso Senhor. N’Ele o amor de Deus alcança a sua mais alta e plena manifestação; Ele é a luz que ilumina a nossa vida, a nossa hstória e a história de todos os povos.
A Igreja, a comunidade que acredita em Cristo, é chamada em primeiro lugar a deixar-se iluminar por esta luz e com ela iluminar todas as nações (cfr LG 1). Iluminada pela luz de Cristo e vivificada pelo seu Espírito, torna-se o Corpo de Cristo que peregrina no espaço e no tempo; pela fé e pelos sacramentos Cristo vive em nós e nós vivemos em Cristo. Conscientes desta graça e desta missão, nós cristãos devemos interrogar-nos em que medida o nosso viver e agir é um viver e agir em Cristo e como Cristo, em que medida nós reflectimos a luz de Cristo na nossa vida e no nosso comportamento do dia a dia.
2. Na última mensagem pastoral, os bispos da CEAST nos propõem examinar a nossa vida cristã a partir do exemplo de Jesus, que na sua vida terrena viveu como filho de Deus Pai, como servo dos irmãos e como peregrino que acompanha os crentes, muitas vezes desanimados e incertos, como os dois discípulos de Emaus.
Na nossa assembleia pastoral diocesana, que realizamos há poucos dias, assumimos como Igreja local este compromisso. Depois de uma revisão da vida concreta dos cristãos na nossa diocese, com os seus aspectos positivos e negativos, os irmãos reunidos em assembleia propuseram umas linhas de trabalho pastoral para este ano, linhas que pretendem ajudar-nos todos a renovar o nosso viver e agir em Cristo, para sermos mais fiéis à nossa missão neste espaço da província de Benguela e neste tempo, o ano de 2009. Tais propostas, assumidas e promulgadas pelo vosso pastor, se tornam o plano pastoral para o novo ano 2009.
Em folha anexa a esta carta encontrareis o plano pastoral tecnicamente elaborado com o objectivo geral, os quatro objectivos específicos, as acções e actividades a serem realizadas, a sua calendarização e os respectivos agentes dinamizadores. Estou certo que tudo isto não ficará somente no papel, mas será levado à prática com generosa dedicação.
3. Uma graça especial deste ano será a visita do Santo Padre Bento XVI à Angola, no próximo mês de Março. Será um tempo de bênção para todo o povo angolano e para nós católicos em especial. O Sucessor de São Pedro, o Vigário de Jesus Cristo vem visitar-nos para fortalecer a nossa fé e animar-nos a viver santamente a nossa vocação cristã. É preciso que nos preparemos com fervor e alegria para este dom de Deus, para podermos colher os frutos mais abundantes. Oportunamente serão dadas informações e orientações mais precisas e concretas para a preparação e a vivência deste acontecimento extraordinário de graça. Desde já rezemos pelo Santo Padre para que a sua visita ao nosso país e ao nosso Povo seja coroada de frutos abundantes.
4. Estamos no Ano Paulino, dedicado, como sabeis, a conhecer e a imitar melhor a vida, a obra e a doutrina do grande Apóstolo. O seu exemplo, os seus ensinamentos e a sua intercessão sejam mais um estímulo para nos empenharmos com afinco e dedicação na realização do nosso plano pastoral.
5. Desejo concluir esta carta com as palavras de Santo Agostinho, grande santo africano e doutor da Igreja, palavras que neste dia lemos no ofício de leituras e que vêm muito a propósito do nosso plano pastoral: “Peço-vos encarecidamente: amemos juntos, corramos juntos o caminho da fé; desejemos a pátria celeste, suspiremos pela pátria celeste; sintamo-nos peregrinos neste mundo” (Cfr Segunda leitura da 3ª Feira – 34ª semana).
Confiemos também na protecção de Nossa Senhora, de São José e de todos os nossos Santos Padroeiros; como eles viveram santamente, que nos ajudem também a nós a viver na santidade a nossa existência terrena e a nossa peregrinação rumo à Pátria celeste.
Com os meus afectuosos cumprimentos e a minha bênção.
Benguela, ao 25 de Novembro de 2009
+Eugénio Dal Corso

SEMANA DE PASTORAL - 2007 

CONCLUSÕES
A magna Assembleia dos Agentes de Pastoral, reunida de 19 a 23 de Novembro de 2007, no Anfiteatro do Seminário de Filosofia, sob a presidência do Pastor da Diocese, Sua Excelência Reverendíssima Dom Óscar Lino Lopes Fernandes Braga, para reflectir sobre o tema “A Família e a Santificação do Povo de Deus”, chegou às seguintes conclusões:
Para a Pastoral na Diocese, no Ano da Santificação 2007/2008, ter em conta três etapas:
I- PASTORAL PRÉ-MATRIMONIAL
Esta Pastoral envolve a preparação dos jovens para o matrimónio e a vida familiar, que inclui também uma celebração adequada:
1- É necessário fazer, em todas as Paróquias e Missões, uma intensa preparação para o Matrimónio, dando aos adolescentes uma preparação remota, aos jovens uma preparação próxima e aos que estão mais próximos do Casamento, uma preparação imediata.
2- Criar, em cada Paróquia ou Missão, o grupo dos amigados, acompanhado por um casal, e dar-lhes uma catequese apropriada e bem fundamentada do ser cristão e da responsabilidade do matrimónio, ajudando-o a tomar a decisão para o Sacramento ou na impossibilidade a viver confiando na misericórdia de Deus.
3- Para a preparação imediata, deve promover-se em todas as Paróquias, Missões e Zonas Pastorais o CPM (Curso de Preparação para o Matrimónio), já em vigor na Diocese. Esta preparação será conveniente ter a duração de três meses, pelo menos A preparação dos noivos com reduzida formação cristã poderá prolongar-se por seis meses.
4- Os noivos não baptizados farão a sua preparação para o Matrimónio ao mesmo tempo que a preparação para o Baptismo, segundo a dinâmica catecumenal.
5- Na preparação para o casamento cristão é necessário inculcar os seguintes valores: amor, fé, oração (com incidência na oração familiar), diálogo, solidariedade, respeito mútuo, fidelidade, confiança, hospitalidade, responsabilidade, perdão, bem comum, sinceridade, unidade e partilha.
II- PASTORAL PÓS-MATRIMONIAL
Esta Pastoral diz respeito ao empenho da Igreja local em ajudar o casal a descobrir e a viver a nova vocação e missão de maneira alegre e frutuosa:
1- À medida que os noivos vão recebendo o Sacramento do Matrimónio, deverão ser integrados em Grupos de Casais já existentes ou formarão outros grupos. É conveniente que haja também Grupos de Casais Jovens, para uma assistência mais eficaz.
2- A formação e vivência cristã dos casais são fundamentais em todas as comunidades cristãs. É, pois, necessário dar um vigoroso impulso à Pastoral Familiar na Diocese, levando os Grupos de Casais a assumir a sua responsabilidade e a tomar consciência da sua realidade de “Igreja-doméstica”. Neste campo, há coisas a combater e valores a viver:
a)- Coisas a combater: infidelidade, poligamia, alcoolismo, má gestão dos bens, mau uso dos meios de comunicação social, desconfiança, violência doméstica e droga.
b) Valores a viver: amor, fé, solidariedade, alegria, respeito mútuo, diálogo, confiança, oração, perdão, fidelidade, sacrifício, partilha e compreensão.
3- É necessário criar, em todas as Paróquias e Missões, na medida do possível, as Equipas de Nossa Senhora, para que sejam fermento dos casais pelo testemunho de vida. As mesmas devem ser bem acompanhadas pelos conselheiros espirituais.
III- PASTORAL PARA CASOS ESPECIAIS
1- A Igreja não poderá limitar o agir com as famílias que lhe estão mais próximas, mas alargando o seu horizonte à medida do Coração de Cristo, deve preocupar-se com as famílias em geral e em particular com as que se encontram em situações difíceis ou irregulares. Os Agentes de Pastoral devem estar disponíveis para escutar as pessoas em causa.
2- A Igreja terá para todas as famílias uma palavra de verdade, bondade, compreensão, esperança, participação viva nas suas dificuldades, por vezes dramáticas.
Recomendações:
- Que a Comissão Diocesana da Família forneça subsídios para a Pastoral familiar nos Casos Especiais.
- Que os Párocos vejam os casos matrimoniais a serem apresentados ao Tribunal Eclesiástico.
Benguela, 23 de Novembro de 2007
Ano da Santificação
O Bispo da Diocese
+ Óscar Lino Lopes Fernandes Braga

As opções do papa 

O papa Bento XVI estará no Brasil durante quase uma semana, até domingo, 13 de maio. Sua agenda atende a dois importantes eventos para a Igreja Católica: a canonização de frei Galvão e a abertura da 5ª Conferência Episcopal Latino Americana. No entanto, como se esta temática já não fosse suficientemente pesada para justificar a presença do sumo pontífice em terras brasileiras, Bento XVI tem uma outra agenda não explícita publicamente: a preocupação com os rumos da Igreja num continente em que as mazelas sociais e os desmandos econômicos e políticos têm feito com que bispos, padres e religiosos se preocupem e contestem esta realidade.
É bom lembrar que Bento XVI foi o cardeal Joseph Ratzinger, responsável pela Sagrada Congregação da Fé, que, em muitos momentos, advertiu e penalizou os que se envolveram na busca por mudanças sociais. E não se pode negar que esta presença da Igreja, em áreas de conflito, colocou em risco de vida religiosos e leigos, por sua opção preferencial pelos pobres.
A “opção mais espiritualista”, por uma atividade mais voltada para a “sacristia”, não vê um caminho muito bem definido. Em tempos de crise - especialmente de fé - é fácil verificar que muitos católicos passaram a relativizar as orientações emanadas da Igreja, praticando aquilo que acreditam ser viável e deixando de lado o que não lhes interessa. Bento XVI quer pautar o rumo das discussões que os bispos da América Latina farão durante o encontro de Aparecida. Desde a sua primeira edição, no Rio de Janeiro - em 1955 - e, depois do Concílio Vaticano II, passando por Medellín, Puebla e San Domingos, os encontros têm sido momentos fortes para mostrar que um engajamento social é, mais do que necessário, indispensável. Afastados os fantasmas de um esquerdismo ou de um direitismo radical, o que temos é uma realidade que exige a presença forte da Igreja - como instituição que inspira a confiança da população - pois já não é suficiente que se peça que os católicos tenham apenas uma prática pastoral dentro da Igreja. A realidade está exigindo uma atitude social e política, que já não podem ser vistas separadamente. Tomara que Bento XVI seja surpreendido positivamente pela nossa gente e consiga ver que entre as teorias dos bancos doutrinários e a realidade, há um homem carente de fé e de Deus, precisando vislumbrar uma esperança concreta para o seu próprio futuro.
Manoel Jesus

manoel@ucpel.tche.br
Professor da Escola de
Comunicação da UCPel.

ANGOLANOS EM ROMA 

PADRE KATCHILINGUITCHIWE,
SOBRE O DIA 4 DE ABRIL EM ROMA

O 4 de Abril é uma data que torna “Actual” o “Calar das Armas” em Angola – a Pátria nossa, Mãe querida – dada, por Deus, a todos e a cada um de nós, Angolanos.

O “Calar das Armas” ou o “Fim da Guerra Fratricida” é um sucedido histórico do Ano 2002 que, felizmente, tem vindo a ser “Actual” até hoje. Ora, empenhemo-nos todos com o “Amor” participado do “Deus Caritas Est[1], para que este “Calar das Armas de Guerra” seja sempre “Actual” e a nossa resposta à uma eventual recordação desta “monstruosidade” seja aquela à italiana: “Guerra?!... Mai più.” Sim, “Walunga yu... “.(Peço desculpas).

“Actual” é o Passado que – permanecendo vivo no Presente – impulsiona cada membro do Povo Angolano (angolanos, dentro ou fora do País, cidadãos nacionais ou estrangeiros ora residentes em Angola) isto é : a “ Nação Inteira “, a projectar para si mesma um Futuro “Melhor”[2], risonho para cada um e possível para todos.

Catorze anos parecem poucos demais para nos esquecermos de quanto as oportunidades de quanto as oportunidades devem ser, segundo o Marxismo – Leninismo “angolanizado”, proporcionalmente as mesmas para todos : mulheres e homens, crianças e velhos, jovens e adultos, independentemente da raça, etnia, partido político, tribo, religião, clã ou família a que pertençam, rico que alguém seja ou ainda pobre (paupérrimo) que deva ser ajudado por todos a combater esta tão “desumanizante” miséria.

De facto, “a Consciência impõe-se quando há Memória e a Tradição mantém-se quando se afirma a História”. Imaginai um homem sem consciência de si mesmo e dizei-me o que é um Povo sem a sua Tradição identificada: uma confusão aproveitável por qualquer um, “tipo ‘epengwe’ “.

“Natureza ‘culturalizada’” ou “Cultura ‘naturalizada’”, “Civilização da Natureza” ou “Natureza da Civilização”, “História da Cultura e sua Civilização” ou “Cultura da Civilização e sua História”, a Cultura Angolana e a História do seu Sujeito, a Natureza Angolana e a Civilização do mesmo Sujeito, manifestam-se também hoje, (não só em Angola), como o Presente do Angolano que vem fazendo sua História à medida em que progride sua Civilização.

Há que conhecer e “objectivar” a Cultura Angolana (cultura é sempre hodierna) e a “implosão/explosão” da “cardente” e “mente” – o “Coração” do próprio Povo Angolano Sujeito – como Filosofia Própria, suporte dos seus padrões culturais. Para não permitir que o “Imperialismo Cultural dos ‘Fundamentalismos’ e do Movimento ‘New Age’[3] (Nova Era) inclusive, bem como, a gama de ‘Seitas’ que dele rebenta “, nos invadam e deiam cabo da nossa quase milenar “Tradição Cultural”, podendo cortar-nos depois a possibilidade de concebermos – nós mesmos – a nossa própria “‘Modernação’ Cultural”[4]. Possível, não apenas, a partir da novidade das telenovelas do “Grande Rio”, mas também e sobretudo, a partir do “Vivido Angolano Passado” redimensionado sob os auspícios de um horizonte de Desafios que nos vão emergindo.

Há que conhecer a História Angolana[5] e a civilização que produz o próprio Homem concreto Angolano Sujeito. Há que buscar e conhecer a história dos seus sucedidos, fracassos e sucessos. Para que – conscientes de quanto um Futuro Possível, por nós eventualmente projectável, é “possibilitável” apenas por este Presente Existencial que é, por sua vez, possibilitado pelo Passado realmente Vivido – possamos evitar os “Triunfalismos Desnecessários”. Algumas vezes, exibidos sem vergonha de termos que “sufocar” em nós aquela Máxima que marca o Fundador da Nação, Dr. Agostinho Neto, isto é, o “Um só Povo e Uma só Nação”. A qual – podendo ser como devia ser, consequência espontânea da busca, pelos angolanos também, de “Um só Coração e Uma só Alma” (Act. 4, 32) da “Comunidade Cristã Modelo” (Act.2, 42ss) – podia estimular com o amor patriótico (tipo o do Cónego das Neves) a missão “legitimante” do poder que alguém, entre os próprios filhos angolanos, é autorizado a exercer para o bem do próprio Povo Angolano Soberano : “O mais importante é Resolver o Problema do Povo (não é só o do nosso Partido)”. O que, “che ne sò io”, podia justificar – quem sabe – a “heroicizabilidade” do Dr. Savimbi e de Outros, Políticos de todas as vertentes, Crentes e não Crentes, se os há, e não só.

Sob o Génio de Sua Excelência Senhor Engenheiro José Eduardo dos Santos – Presidente da República de Angola, peço confiadamente a Deus que – tal como se “Calaram as Armas da Guerra Fratricida” – se extirpem, ainda antes das Próximas Eleições a “Larápia” e a “Feitiçaria”, quais fautores camuflados da alta miséria e da “morte na véspera” de não poucos angolanos. Aliás, já é uma realidade – no nosso País – o Tribunal de Contas e o Comité Ecuménico que se esforçam, respectivamente, por combater essa “Larápia” e desmascarar essa “Feitiçaria”.

O “Spalancate le porte a Cristo” é um convite que o Servo de Deus, João Paulo II, dirige a todos e a cada um de nós. Abramos, pois, o nosso coração a Cristo – o Amor encarnado de Deus. Deixemo-nos “moldar” por Ele e esta dupla escravidão, acredito, desapareceria do nosso seio. Porque o amor é o poder mais forte que existe: “Deus caritas est”. E mais, “Quem quer desfazer-se (deste) amor, prepara-se para se desfazer do homem enquanto homem”[6]. A verdadeira felicidade nos é dada por Deus. Por amarmos o homem concreto como acolhimento próprio do Seu Amor Encarnado: Cristo que, por amor, deu Toda a Sua vida para nos salvar. O homem concreto, mulher ou varão – seja ele quem for – vale a Vida de Cristo.

Cristão, Sacerdote Católico, Presbítero da Igreja que sou eu, almejo “que Angola, a Pátria nossa Mãe querida, seja – como deve ser qualquer outro País – uma oportunidade para Todos ressuscitarmos um dia com Cristo para o Céu”.

Angola, devedora de ser uma oportunidade de todos para o Céu, tem de ser hoje, mais do que ontem, um empenho para todos e para cada um de nós, a fim de que possa vir a ser realmente um Estado justamente Óptimo[7].

“Deus é Deus”.

Roma, 7 de Abril de 2006

Katchilingitchimwe P. Francisco



[1] BENTO XVI, Carta Encíclica Deus caritas est (25 de Dezembro de 2005).

[2] Melhor è a “Utopia como Finalidade”, atingível pelo Progresso de tudo e Desenvolvimento integral da Nação, Bem Comum e equitativa distribuição do todo, disponível.

[3] Na busca da nossa identidade angolana (Angolano que se quer tão idêntico a Si mesmo, que podia até conceber uma “política angolana” cuja mentalidade tivésse que ser sempre e cada vez mais educada na democracia, quão conforme a natureza de todo o ser humano) há que ter presente quanto estamos a padecer do “bombardeamento” do subterrâneo movimento “New Age” (sobre isto, leia ao menos : Carla PINNA, New Age Old System, aprospettiva Ed., Roma 2001; e CONSELHO PONTIFÍCIO DA CULTURA e CONSELHO PONTIFÍCIO PARA O DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO, Jesus Cristo, portador da água viva. Uma reflexão cristã sobre a “Nova Era” (“New Age”), 2ª ed., Paulinas Ed., Lisboa 2003) para podermos distinguir o que herdamos do “autoctonismo nos reinos de Angola”, antes do colonialismo; do cristianismo sobretudo durante o colonialismo (veja-se que este não é a mesma coisa que catolicismo); e do marxismo com todos os ismos depois do colonialismo. Para depois, podermos continuar a perpetuar o que – de tudo isto – é bom, evitando igualmente os erros do passado. (Não sejamos, é verdade, escravos da História, senão, homens concretos, conscientes de sermos produto do vivido realmente histórico.

[4] O Capitalismo ou o Socialismo, o Liberalismo ou o Comunismo, o ismo da Classe ou o ismo do Estado, o Privadismo e o Publicismo, enfim, tudo isto de ismos que se prestam a Ditadura hodierna do Relativismo – que vai enquadrando, ou se quiserdes, deteriorando a Política globalizante da Economia de Mercado livre ou controlada – acabam todos, de um lado, privatizando a terra para os ricos que se vão tornando cada vez mais ricos e, de outro lado, marginalizando para a morte sem óbito condigno, os pobres que se vão tornando cada vez mais pobres ( “não-homens”, no dizer de alguém). É terrível. Será que nós não podíamos buscar um “ismo” polítismo (no âmbito da “Modernação” Cultural) que fosse mais justo para nós ?

[5] A história è sempre da humanidade, é história do angolano. A narração – interpretação, filosofia da história – do que já sucedeu.

[6] BENTO XVI, Carta Encíclica Deus caritas est (25 de Dezembro de 2005), n.28.

[7] “A justa ordem da sociedade e do Estado é dever central da política. Um Estado, que não se regesse segundo a justiça, reduzir-se-ia a uma grande banda de ladrões, como disse Agostinho uma vez : “Remota itaque iustitia quid sunt regna nisi magna latrocinia ?” ( De Civitate Dei, IV, 4: CCL 47, 102)” (Ibidem). Neste amplexo, cada um de nós – cidadão angolano – tem sempre algo a dar e a receber de Angola, Pátria nossa Mãe querida.


Para uma Angola nova e de paz verdadeira 

PAULINO KOTEKA: RECONCILIAÇÃO TAREFA URGENTE
Deus concedeu-me pela 2ª vez, a alegria e a oportunidade de poder partilhar convosco este pequeno tema que me pediram intitulado:
PARA UMA ANGOLA NOVA E DE PAZ VERDADEIRA A RECONCILIAÇÃO É TAREFA URGENTE DE TODOS ANGOLANOS.
Espero poder corresponder as vossas expectativas e a daqueles que confiaram em mim, convidando-me para assessorar este delicado tema.
Começo esta palestra com algumas citações bíblicas: “ouvistes o que vos foi dito: olho por olho, dente por dente (a chamada lei de talião), eu porém lhes digo não se vingue de quem fez mal a vocês; pelo contrário se alguém lhe dá uma tapa na face direita ofereça-lhe o lado esquerdo (Mat. 5,38 ss)”. O evangelho abre a perspectiva do relacionamento humano para além das fronteiras que os homens costumam construir. E S. Mateus ainda escreve: “então, Pedro aproximando-se dele disse: senhor, se meu irmão me ofender quantas vezes devo perdoar? Até 7 vezes? Jesus disse: não te digo até 7 vezes; mas até 70 vezes 7 (Mat. 18,21-22) ”
Aqui temos a expressão do maior antagonismo/contradição entre o velho e o novo Testamento. Amar o inimigo é entrar em relação concreta com aquele que também é amado por Deus, mas que se apresenta como problema para mim. Trata-se de princípios de mentalidades totalmente diversos, seja na teologia, na moral, na ética e no aspecto humano. Podíamos chamar também de um antagonismo entre Angola de ontem e Angola de hoje e Angola que queremos construir. Assim, os dizeres do Antigo Testamento constituem para nós hoje uma triste realidade. Consequentemente, Angola de ontem também constitui uma triste realidade; basta lembrarmos das manchetes nacionais e internacionais dos jornais e da TV de Angola de ontem: destruição, fome, violência, mortes...que acabaram por desembocar na maior catástrofe da história de Angola. Tomara que coisas como estas nunca mais se repitam.

1. O QUE É A RECONCILIAÇÃO!

Existem várias definições. Todos conhecemos muito bem situações interpessoais: por exemplo, houve uma briga, cometeu-se uma injustiça, vêm as desculpas, as mãos estendidas e as pessoas voltam a se entenderem e se perdoam. Manifestamos nossa reconciliação com os semelhantes quando vivemos a alegria da fraternidade através de palavras, gestos e atitudes. Jesus nos ensina que a fraternidade é uma urgente necessidade de todos os povos, porque ninguém vive sem amor.
Dom serafim Fernandes (um bispo brasileiro), uma vez numa das suas homilias dirigindo-se a Dom Luciano disse: ama a cada pessoa com a mesma naturalidade com que toma o copo de água.
A reconciliação é o maior sonho de Deus, que coincide também com o maior sonho de cada um de nós que estamos aqui presentes e não só, ser e viver como irmãos!
Ela é uma humilde experiência que se vai tecendo no dia a dia da nossa existência. É uma história de criaturas carentes e frágeis que sabem repartir o riso e as lágrimas, os êxitos e os fracassos, os sonhos e as esperanças. Na fraternidade aprendemos a respeitar os outros nas suas diferenças. Dom Hélder Câmara dizia: “ se pensas diferente, tu me enriqueces”. Mas para nós muitas vezes, quem pensa diferente constitui uma ameaça e um incomodo.
1 . 2.Tarefa da reconciliação
A sua tarefa primordial é superar um difícil passado; é impedir que a frustração, o ódio e o ressentimento de ontem passe para as futuras gerações. É impedir que partes ofendidas de uma sociedade queiram fazer justiça pelas mãos próprias. Trata-se de transformar emoções negativas em positivas, cordiais e amistosas. A experiência que temos da nossa história de Angola demonstra que há uma grande lacuna/abismo entre a injustiça sofrida e as possíveis reparações. A reconciliação precisa buscar preencher este vácuo. As devastações humanas, psicológicas e materiais de uma guerra são normalmente muito maiores do que uma reparação com recursos materiais e imateriais, mesmo unindo os recursos nacionais e internacionais. A reconciliação é muito mais do que dar apenas um quite de medicamentos, de marceneiro e de reparação de estradas. Claro que isso é importante mas é preciso ir muito mais além. Portanto, trata-se de uma importante questão numérica, citada sabiamente na bíblia. Perdoar 7 vezes não é suficiente. 70 Vezes 7 significam na interpretação dos teólogos ilimitadamente.
1.3. A reconciliação precisa de Protagonistas/pioneiros
Os Mass-média desempenham um papel muito importante para que tal facto se consuma. A rádio, a televisão, o jornal, o cinema, têm uma missão preponderante, porque são eles que fazem a opinião pública e mexem com a consciência das pessoas. No nosso caso aqui em Angola por exemplo, temos a TPA, RNA, LAC, ECLESIA, MORENA... e tantas outras rádios locais e jornais privados.
A reconciliação precisa de pioneiros; que podem ser: autoridades políticas, organizações não governamentais, as igrejas, todos eles podem e precisam propor a base para a reconciliação efectiva dos angolanos entre si. É preciso que entre os angolanos haja redes de simpatizantes que podemos chamar de efeito sinergético.
Mas não há reconciliação sem a verdade. Por exemplo a África do Sul depois do regime de segregação racial (apartheid) criou uma comissão de verdade e de reconciliação chefiada pelo prémio Nobel da Paz, Arcebispo anglicano Demond Tutu. Ali os criminosos podiam confessar totalmente seus crimes e recebiam amnistia. As vítimas podiam relatar a comissão suas histórias pessoais. Isto constituía para cada indivíduo e para toda a sociedade um processo de cura psicológica. Temos alguns exemplos também aqui em Angola; a COIEPA, O MOVIMENTO PRO-PACEM E OUTROS MOVIMENTOS CRIADOS A PROPÓSITO.
A reconciliação precisa de uma visão do futuro, ela não tem a sua finalidade em si mesma, mas cria a base para um promissor futuro conjunto, nacional e internacional. Trata-se de uma segurança um com o outro; pois, a reconciliação não perdura quando existe a hipótese das cicatrizes ressurgirem e as inimizades voltarem a brotar.
A reconciliação precisa de constantes impulsos. Ela é um processo moroso, nunca é possível afirmar, “ela está presente ou agora vamos selá-la”. É importante que haja constantemente novos impulsos; o importante é a transmissão da ideia de uma geração para a outra. Ela é sempre uma conquista, é um processo e um constante fazer-se.
2. A reconciliação na Perspectiva da Mensagem de La salette X Angola
S. Paulo fala da “nova criação em Cristo” (cf. 2 cor. 5,17) e continua a dizer-nos. “Era Deus que reconciliava o mundo consigo em Cristo, não lhe levando mais em conta os pecados dos homens e pondo nos nossos lábios a mensagem da reconciliação....suplico-vos, pois, em nome de Cristo: reconciliai-vos com Deus” (2 Cor.5,19-20). O apóstolo se refere a história de cada homem e de cada mulher. Deus no seu filho unigénito, Jesus Cristo, reconciliou-nos Consigo.
Aqui podemos fazer uma ponte/relação com o evangelho do jovem que abandonou a casa paterna, experimentou as dolorosas consequenciais da sua acção, e então encontrou o caminho da reconciliação. O jovem retornou ao seu pai e diz: “pai, pequei contra o céu e contra ti, já não sou digno de ser chamado teu filho, trata-me como um dos seus servos (Luc. 15,18-19). Nós também como angolanos depois de termos abandonado o caminho do perdão, da misericórdia e do amor tivemos ao azar de experimentar as dolorosas consequências do nosso pecado, as consequências desta guerra: a destruição, a nudez, a fome, a falta de moradia, a falta de condições mínimas para a sobrevivência do ser humano, a morte. E agora, queremos dar passos firmes para uma Angola renovada, uma Angola reconciliada.
No sínodo dos bispos africanos, numa assembleia especial onde discutiram os problemas do nosso continente, disseram: a Igreja em África se tornou, graças ao testemunho dado pelos seus filhos e filhas, um lugar de verdadeira reconciliação (cf Ecclesia in África, 79). Reconciliando-se entre si, os membros da Igreja poderão levar à sociedade o perdão e a reconciliação de Cristo nossa paz (cf. Ef.2,14) caso contrário – disseram os Bispos – o mundo assemelhar-se-á cada vez mais a um campo de batalha no qual conta apenas os interesses egoístas onde predomina a lei da força (Ecclesia in africa, 79).
Hoje proclamamos a importância da reconciliação: reconciliação com Deus e reconciliação das pessoas entre si. Esta tarefa compete a cada angolano e a cada angolana. “Somos por conseguinte embaixadores de Cristo...suplico-vos, pois em nome de Cristo reconciliai-vos com Deus” (2 Cor.5,20). Por esta razão os católicos angolanos e não só devem ser autênticos e eficazes testemunhas da fé e da reconciliação em todos os aspectos da vida, tanto a nível público como privado.
Quando falamos do mundo reconciliado com Deus, estamos a falar não só dos indivíduos, mas também de cada comunidade, família, clã, tribo, nação ou estado. Cristo, portanto, faz parte da história das nações; faz parte também da história do nosso país.
De facto, Deus abençoou a nossa terra/Angola com riqueza humana e natural e é dever de todos os Angolanos assegurar que estes recursos sejam usados para o bem de todo o povo. Todos devemos trabalhar para libertarmos a sociedade de tudo aquilo que ofende a dignidade da pessoa humana ou viola os direitos humanos. Isto significa reconciliar as diferenças, superar as rivalidades étnicas, tribais, culturais, e infundir honestidade, eficiência e competência na arte de governar.
Considerando que, o nosso país se encontra empenhado numa transição pacífica, democratização e preparação das eleições gerais, é necessário que os políticos – homens e mulheres – amem profundamente o seu próprio povo e desejem mais servir que serem servidos (Eccl. In Afric,111). Não deve haver espaço para intimidações nem para opressão dos pobres e dos fracos, para exclusão arbitrária de indivíduos e de grupos da vida política, para o uso errado da autoridade ou para abuso do poder. A chave para a resolução dos conflitos económicos, políticos, culturais e ideológicos é a justiça. E a justiça não é completa sem o amor pelo próximo, sem uma atitude de serviço humilde e generoso.
Quando nos considerarmos como irmãos e irmãs, então, será possível dar início ao processo de eliminação das divisões dentro da nossa sociedade e entre grupos étnicos. Esta reconciliação é o caminho que conduz a verdadeira paz e autentico progresso de Angola e da africa. Esta reconciliação não é fraqueza ou covardia, ela exige coragem e as vezes até um heroísmo/martírio. É mais uma grande vitória sobre nós mesmos do que sobre os outros. Não devia ser considerado como desonra, porque é uma sábia arte de Paz. Devemos estar conscientes e convictos que cada um de nós segundo o nosso particular estado de vida é chamado a não fazer menos do que Jesus fez. Tendo sido reconciliado o mundo com Deus, devemos ser instrumentos da reconciliação, considerando todos os homens e todas as mulheres como irmãos/ãs chamados a ser membros da única família de Deus.
A reconciliação necessariamente comporta a solidariedade. O efeito da solidariedade é a paz. E os frutos da paz são alegria, e a unidade nas famílias (e na grande família angolana), a cooperação e o desenvolvimento na sociedade, a verdade e a justiça na vida da nação. Tomara que tudo isso seja o radiante futuro da nossa Angola!
Viva Angola! Viva a Paz, viva a reconciliação da grande família angolana e que Deus da paz esteja sempre com todos vós! Amem (Rom, 15,33).
Nossa senhora da Salette mãe e Reconciliadora dos pecadores, rogai sem cessar por nós que recorremos a vós.

3. Meu apelo como cidadão e como Padre diante das próximas eleições

Se a política é a busca do bem comum, respeito pela pessoa humana na exigência do bem-estar social e na existência de ordem justa, duradoira e segura. Então a nossa missão como cristãos e bons cidadãos passa pela missão de Jesus. A política é uma das mais altas expressões da caridade cristã. Não basta escolher candidatos que tenham princípios éticos, morais com certo nível de formação. É preciso também acompanhar o que faz o seu candidato eleito, ver que interesse ele defende; dar-lhe sugestões ou até mesmo fiscalizar suas acções.
No entanto, há aqueles que só criticam. São como velhas raposas, usam o método reprovável de conquistar eleitores com apelos demagógicos, com práticas clientistas; isto é, fazendo promessas impossíveis de cumprir e o pior de tudo abusam as vezes do poder económico.
Votar é um dever cívico, um dever religioso. É um exercício da liberdade e responsabilidade. Deve ser consciente. É uma forma de procuração. Damos ao eleito poderes para agir em nosso nome. Por isso, é preciso saber escolher. É vergonhoso votar em um amigo incompetente; em quem compra voto.
A Pratica que devemos defender deve ser justa, voltada unicamente para o bem comum; que combate os vícios, abusos e erros e que evite a exclusão. Que gerencie e administre os bens públicos, com transparência e honestidade; que trabalhe em favor de todos, e combata os privilégios. Tem de ser uma política aberta ás necessidades e reivindicações do povo. Que luta pela vida, contra as desigualdades sociais e violências. Uma política humana que promova a dignidade do ser humano. Uma politica de participação, pois, este é o sentido da democracia que tem como ponto de partida os direitos humanos e deveres sociais.
Que tipos de eleitores devemos ser!
Um eleitor que tem consciência do valor do seu voto. Que vota pela comunidade e não pelo interesse ou privilégios familiares. Um eleitor que não venda o seu voto por favores, venda sua dignidade humana, não deve votar em alguém que quer comprar a sua consciência. A consciência não se vende. Que tenhamos a capacidade de reflectir sobre o passado e o presente do candidato, tendo em vista um futuro melhor. Um eleitor que não se deixa corromper pelo dinheiro e não busque favores pessoais.
Devemos ser um eleitor que saiba escolher candidatos que realmente trabalham pelo bem comum e que tenham coerência no discurso e na vivência do dia a dia. Um eleitor que não anule o seu voto e que saiba resistir a conversa de candidatos corruptos e desonestos que só pensam no encargo público como forma de ganhar dinheiro.

Por: Pe. Paulino Koteka, MS,
pakote@supernet.ao)


ABRI AS PORTAS À CRISTO 

Por António Custódio (Estudante na Itália)

Foi o pedido do Papa João Paulo ll a todos os Cristãos do Mundo no início do Seu Pontificado, qual convite a acolher Cristo, a não temê-Lo ! O Papa que veio do leste, de longe mas com um coração cheio de paz, de fé, de amor a Cristo, a Igreja e ao homem concreto e, afinal de outros sentimentos semeados e crescidos no Seu coração.
Um Papa que trouxe para o Seu Pontificado uma larga experiência como operário, actor de teatro, desportista, presbítero, bispo, enfim, uma incomensurável experiência que, felizmente, todos nós pudemos saborear, crentes cristãos, crentes doutras religiões e até não-crentes ! Julgo que, humanamente falando, o Seu testemunho neste sentido não poderia ter outro efeito junto das pessoas normais e de bom senso neste momento e que, atentamente, sempre o acompanharam nos seus pronunciamentos, atitudes...
Um Papa que tomou como argumento de força a defesa da dignidade do homem, alguém que amou profundamente o homem, chamado a crescer humana e espiritualmente, concepção que ajudou a modificar a visão de vida de muitas pessoas em diversas paragens geográficas deste mundo.
Um Papa que fez muito para a queda do comunismo, nazismo, do muro de Berlim, que falou contra o capitalismo selvagem onde o homem fraco desaparece e os grandes brilham cada vez mais. Mais para cá, ou seja, nesta época mais globalizada o Papa pediu mais igualdade, diálogo, aplicação prática dos direitos humanos, tomando para o efeito uma frontalidade profética contra as guerras que ensombram tristemente este mundo. Que testemunho profético !
Um Papa sincero, humilde, que pediu perdão a Deus e a Humanidade pelos pecados da Igreja, pelas divisões e outros males históricos, não teve medo de errar e ser mal visto !!! Teve a coragem de se pronunciar contra o anti-semitismo, daí o entrar numa sinagoga, apelidando os hebreus como 'nossos irmãos mais-velhos', pedindo aos cristãos e muçulmanos relações mais positivas, construtivas e luta comum por um futuro melhor. Que nesta senda do diálogo inter-religioso se dêm passos no conhecimento recíproco, na convivência harmoniosa, no respeito, na compreesão, na colaboração, enfim, no caminhar de mãos dadas... Um exemplo para todos nós cristãos a criar um interesse pelo diálogo com os crentes de outras denominações e credos. É, afinal de contas, o espírito do Vaticano II que é o de tentar compreender o sistema de crença e práticas de todas as religiões e respeitá-las. Sem tal atitude um diálogo genuíno não pode ter lugar, nem se pode promover uma harmonia religiosa entre os povos. O Papa mostrou-nos esta indicação...
Um Papa deveras Pastor, sempre próximo das crianças, sobretudo em situações difíceis, dos jovens, os quais precisam de mais ajuda e protecção como o futuro da Igreja e da Humanidade, dos doentes, da família, enfim, um missionário apostólico.
Um Papa que experimentou a paixão através da sua enfermidade, vivida com serenidade, tranquilidade atraindo a atenção de todos. Pude ver que o seu sofrimento aproximava mais as pessoas, unia, evangelizava daquela forma e depois com o seu silêncio que passou a ser eloquente. É fascinante o seu exemplo de querer andar adiante apesar das limitações físicas de locomoção e doença ! Vimo-lo cansado mas determinado ! Que digna consciência, a do Vigário de Cristo ante a Sua missão.
Mesmo depois de morto continuou, de forma diversa, a tocar a sensibilidade de quase todos os líderes dos mais altos quadrantes mundiais, ratificada pela presença no Vaticano (missa de funeral) e não só ! Sua morte influencia espiritualmente a todos, movimenta multidões, levando-as a homenageá-lo de forma diversa, criativa e, sobremaneira, com fé ! Um Papa ao qual o povo reconheceu ja como santo.
Foi, sem dúvida, uma vocação de amor, um mensageiro da paz que a todos surpreendeu ! Paz à Sua Alma e que interceda por todos nós ! Aguardamos pelo Novo Papa rezando e rezando.
Foi o que vi, senti e me ocorreu partilhar. Estamos juntos!

Vamos andar juntos!!! 

Caros amigos,
Se Deus permitir em Julho e Agosto de 2006, faremos o 1º Congresso missionários de Benguela, justificando assim mais uma vez de estamos a ser fiéis ao compromisso de sermos uma Diocese Missionária. Para o envento gostava da maior colaboração dos filhos e filhas desta Diocese ou por ventura de alguém que não tendo nascido em Benguela, se sinta verdadeiramente benguelense. Ponham a render os dons que Deus vos concedeu: uma poesia, um jogral uma conção, uma pequena peça ou qualquer outra coisa. Conto com a vossa oração para que o congresso dê a verdadeira dimensão missionária a nossa Igreja Diocesana. Envie-me vossas idéias propostas em dombraga2000@yahoo.com.br
+ Oscar Braga

ONGS DA ÁFRICA E AMÉRICA DISCUTEM COOPERAÇÃO 

Padre Martinho Kavaya (Brasil)
Eram 8,hs 30 min. do dia 30/01 no Espaço H, quando em uma oficina estavam reunidos os participantes do diálogo entre povos africanos e latino-americanos, lançado em Johanesburgo, em Setembro de 2004, durante o encontro de 40 organizações dos dois lados do Atlantico. O objectivo do referido diálogo consiste em estreitar as relações entre as organizações das sociedades civís do Mercosul e do CDSA ( Comunidade de Desenvolvimento do Sul da África). No Brasil, o Trabalho é coordenado pelo Instituto Brasileiro de Análises Socikais e Econômicas (IBASE). Várias das entidades africanas que que estiveram na oficina estyão envolvidas nos preparativos para o FSM 2007, que se realizará em Àfrica. As ONGs que compõem o grupo de diálogo representam os seguintes países: Brasil, Uruguai, Argentina, ´[Africa do Sul, Angola, Malawi, Monçambique, Awaziland, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe. Como podemos notar, a representação de Angola neste FSM foi bastante incipiente. Será que este grupo, com uma única organização internacional que tem suas acções sociais em Angola, responderá aos grandes problemas do país hoje? Para todos reflectirmos para vermos para onde caminhamos e como estamos caminhando.

Mensagem de Natal e ano Novo 

DOM OSCAR BRAGA
A celebração de mais um Natal na nossa vida, traz a possibilidade de podermos reflectir sobre a acção de Deus na humanidade e vivermos no nosso tempo o que ele quis transmitir com a mensagem que nos trouxe, mensagem de irmandade mensagem de fraternidade. Um Deus que se fez homem para que os homens se pudessem se tornar, na palavra da escritura outros deuses.
Celebramos o Natal 2004 com esta abertura para o ano 2005; celebramos sobretudo aqui na Diocese de Benguela, com acento este ano muito especial, na maternidade das angolanas, portanto com uma visão da mãe e da criança que ela traz à luz. Cada vez mais nos preocupamos com o nascimento dos novos angolanos e angolanas para que venham a ser homens e mulheres que sintam a felicidade de viver e contribuir para o bem da sua nação.
A pastoral da criança é aqui na Diocese de Benguela prioritária neste momento, de modo que as gestantes acompanhadas pelos pais das crianças comecem logo, desde a hora da sua concepção a pensar na maneira como vão amar, respeitar e contribuir para a saúde daquele que vai ser fruto do seu amor. Não só a criança nos merece esta atenção, mas a Diocese e o Bispo desejam a todos, a começar pelos idosos que acarinhamos tanto, passando por todos os outros, os jovens, mulheres e crianças, um Feliz e Santo Natal.
É natural que este tempo de Natal se pense mais na criança, naqueles que serão homens e mulheres amanhã. Também o 2005 para nós angolanos e cristãos será um ano de muita felicidade, deixai dizer assim, porque é o ano que o papa decretou como ano da Eucaristia. A eucaristia que é a nossa própria vida, na Igreja. É a eucaristia que faz a Igreja e a Igreja faz a Eucaristia. É o ano em que vamos tentar, através do sacramento da eucaristia fazer com que todos se amem cada vez mais. É também o ano da Bíblia e, por isso a palavra de Deus, a palavra sagrada vai ser este ano para nós, mais, digamos assim, espalhada, mais estimada para uma vivência maior, em que podermos, nesta maneira de ser, criaturas humanas segundo a vontade de Deus.
Não esqueçamos como angolanos que poderá ser um ano de muita serenidade de muito aprofundar a nossa democracia, pois vivemos já a chegada em breve das eleições e cada angolano deve sentir-se engajado nesta actividade politica que faz parte da nossa vida, mas o deve fazer de maneira consciente. Portanto, espero que toda a ajuda que se há de dar ao povo, a cada um dos angolanos seja bem aceite por todos os angolanos para que possam com consciência, com verdade, na justiça e na verdadeira liberdade podermos exercer quando chegar a data marcada este acto cívico que honra sempre a nossa nação, quando é feita assim dentro das linhas que demarcam a verdadeira democracia.
Que vos dizer mais, nesta mensagem de Natal! Que desejamos a todos muita saúde, muitas felicidades, nos vossos empreendimentos, mas sobretudo muito amor, muita amizade entre todos, muita compreensão. Só assim é que podemos fazer com que a nossa terra seja um local onde todos nos desenvolvemos com progresso e alegria. Muito boas festas para todos; aqueles que estão na penitenciária da nossa cidade e a todos, o Bispo e a Igreja desejam muitas felicidades


Lino Tanga! 

Estou bem, e o trabalho corre como devia correr nesta terra. Aqui, sem ser pessimista recuei 15 anos atrás. Tudo está a começar. O aspecto Cultural tradicional na vida deste povo é muito forte. A religião tradicional tem um poder bastante grande. Estamos tentando fazer alguma coisa mas é preciso ter muita força. Sou Pároco de uma igreja que em termos de espaço não existe. Estou a trabalhar com o padre Alberto Kapiñgala e tudo está correr bem. Estamos tentando dar força a esta comunidade nascente. Neste momento estamos freqüentando o curso de integração missionária onde a língua crioula é a matéria predominante.
Lino Tanga (linotanga@yahoo.com.br)



Crise de identidade  

Luciane Moura
lucianedavilademoura@yahoo.com.br

Somos homens e mulheres, somos mulheres-homens e homens-mulheres. Não há como negar a complementaridade do Ser. Sabemos (ou será que não sabemos?) que tudo o que somos é o que Ser (somos). No milênio que começa temos algo que denominamos pós-modernidade e o indicativo é de que viveremos uma mudança de paradigmas e referências.
Tomemos um exemplo simples desse novo paradigma. Tanto posso dizer: sou parte de uma família. Sou pai. Sou mãe. Sou amigo. Sou casado. Como posso também dizer que eu tenho uma família. Tenho um filho. Tenho amigos. Tenho uma mulher. Trata-se de uma inversão de valores, do Ser pelo Ter. Outro exemplo. Há poucos dias, em uma dessas tardes de inverno, fui até a frente da casa para tomar sol e involuntariamente ouvi a conversa entre duas pessoas. A mulher desabafava contando ao vizinho que tinha três filhos e vivia sozinha. Talvez se ela compreendesse que não têm os filhos, mas que eles são seus filhos a angústia a abalaria bem menos.
Tenho casa. Tenho celular (telemóvel). Tenho carro. Tenho computador. Tenho aparelho de som. Tenho livros. Tenho cd’s, etc. E se eu não tivesse nenhuma dessas coisas ou pelo menos noventa e nove por cento do que foi enumerado? Eu não teria quase nada. Mesmo assim eu ainda seria alguém, ou será que eu seria quase ninguém?
Compreendo que Somos e Temos. Bom! Já chegamos a uma conclusão. Então somos uma moeda de duas faces, de um lado Somos e do outro Temos. Entretanto observo um desequilíbrio entre as faces na pós-modernidade. Estamos voltados para o Ter, negamos o Ser, nos destituímos e passamos a ser aquilo que temos. Para conquistar uma menina é necessário se não o carro da marca X ao menos o tênis da marca Y e o celular da marca tal. A camiseta Z. A calça K. Prestamo-nos a fazer propaganda “di grátis” a quem nem ao menos conhecemos. Porque caso não tenhamos essas coisas não somos ou somos quase ninguém e tão pouco somos dignos de “competir” a menina. Um grande homem é aquele que tem um cargo. Tem um nome. Tem status. Tem celebridade. Independentemente do pensamento, dos projetos, das injustiças, dos delitos que possa cometer. O valor dele é diretamente proporcional ao acúmulo da sua riqueza.
Afinal de contas, quem sou eu? Ou a pergunta deveria ser: o que tenho? A resposta é que somos aquilo que temos e se nada temos não somos. Porém se nos fizeram acreditar que não somos porque nada temos ao menos podemos ter certeza de que existimos porque acreditamos que não somos. Se existimos, então, temos algo essencial: consciência. Ter consciência é a possibilidade de construir uma nova sociedade.
Uma indagação: Que sociedade queremos?
Concluo fazendo referência a Charles Chaplin em O Grande Ditador: “Ergues os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar.Voa para o arco-íris, para a luz da esperança. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos!”

Vocação e história 

A minha vida começou em 1978 e, em 1992 no dia 15 de setembro, entro no Seminário Menor de Benfica( Huambo) e de 94/95, concluo o quinto ano (9.ª classe), passando para o Seminário Propedêutico, seguidamente para à Filosofia, onde conclui o bacharelato, tendo no ano da graça de 99, sido expuldo do Seminário. deste ano em diante, passaria a andar, nas asas do Senhor. teria sucumbido, se o Senhor me não desse a mão.  fiz várias viagens dentro e fora de Angola. andei à procura de dinheiro, negócios fáceis, vida boa... queria ser feliz... longe de Deus!? não sei caro leitor! mas com o meu terço sempre na mão, pedia a Maria que me ajudasse a seguir o caminho no qual Deus, mais me queria ver.  Mas antes, experimentei uma vida de todo desagradável ao Senhor e, eis que no entanto, me encontro de novo no meio de vós. voltei de onde? não sei exactamente mas, descobri que o Senhor tem um plano para cada um de nós. não sou apologista da predestinação mas, tenho a partilhar contigo caro leitor que, se nos deixamos levar pelas asas de Deus, a nossa vida torna-se uma predestinação, nas Suas mãos e, na Sua vontade que tudo sabe, por ser eterna. descobri ainda que, a felicidade não se alcança somente pela nossa luta pessoal, ao procurarmos dinheiro e todos bens do mundo mas,sim alcança-se a cada momento em que procuramos viver a vontade de Deus a nosso respeito, tal é, no entanto, a realização do Reino de Deus, que Cristo veio pregar, a Vontade do Pai, acima de todo o nosso progecto.
O Deus que se nos revelou através de Jesus Cristo, é misericordioso e cumpre as suas promessas e, um caso concreto, dentre vários, é a minha presença em Lisboa. É pura providência, é misericórdia de Deus, estar num lugar, onde mesmo os que nos acolhem, não conseguem apresentar razões que sejam plausíveis, ao facto de nos terem acolhido. só se explica pela verdade de sermos hóspedes da parte de Deus, que sensibiliza o coração cristão para a edificação de um mundo mais humano. Caro leitor eu acreditei, como tu acreditas e, o Senhor tem operado maravilhas na minha vida e, apesar da minha infidelidade constante, Ele mantém-se fiel.  

Olupandu wetu unene!! 

Ir Dulce Nakafeka (Benguela)
Agradecemos pedindo de informações do nosso Capitulo Geral. Em resposta informamos (...) Dulce Nakafeka foi reeleita com as seguintes conselheiras: -Natália wandi; -Isabel Segunda; -Cecilia Pedro e -Benvinda Kasanda. Contaremos com a vossa rica oração, para que todas as propostas desse trabalho venham responder as exigências da Igreja no tempo atual.
Em nome das Irmãs Capitulares,twapandula

O CRISTÃO DE ONTEM, O CRISTÃO DE HOJE  

PADRE AGOSTINHO FILIPE EPANDI JOSÉ
(EM BENGUELA, DURANTE ASSEMBLÉIA PAROQUIAL DE STO ANTÓNIO)
No contexto actual a que o fenómeno da globalização impele as sociedades, a Paróquia ainda é realidade aglutinadora de dinamismos particulares e colectivos com vista à continuidade da missão salvadora de Jesus Cristo e do Seu projecto de promoção da humanidade. É louvável, portanto, o propósito dos organizadores desta Assembleia, a quem felicito cordialmente, pela oportunidade que nos oferecem de reflectir sobre o tema o cristão de ontem, cristão de hoje. É um tema que suscita muito interesse para nós porque nele nos podemos rever. O cristão de ontem tem de facto muito que nos pode ajudar na nossa vivência actualmente como cristão na mesma Igreja que eles militaram. Para compreendermos melhor a situação religiosa, espiritual e todo empenho da fé que eles viveram, preferimos expor o tema a luz do martírio.
1. O martírio: Verdadeiro acto de adesão à Cristo
Se dissermos que toda vida dos cristão de ontem era movida na linha do martírio, estaríamos a pôr de parte muitos outros elementos da vida de santidade cristãos. Entretanto o martírio era de facto um verdadeiro acto de conversão e adesão à Cristo. O mártir significa: testemunho; aquele que afirma um testemunho de máxima certeza, dando sua própria vida por aquele que realmente acredita. O próprio Jesus Cristo nos faz entender essa realidade de sermos testemunhas: “... Assim está escrito que o Cristo devia sofrer e ressuscitar dos mortos ao terceiro dia, e que em seu Nome, fosse proclamado o arrependimento para a remissão dos pecados a todas as nações, a começar por Jerusalém. Vós sois testemunhas disso” ( Lc 16, 45- 48). “... sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e a Samaria e até aos confins da terra” (Act 1, 8). Ainda: S. Pedro para substituir a Judas, o traidor, declara: “é necessário que entre os homens que nos acompanharam todo o tempo, haja um que connosco seja testemunho da ressurreição” (Act 1, 22). E em seu primeiro discurso depois do Pentecostes, Pedro diz: “Deus ressuscitou Jesus Cristo, e dele somos testemunhas” Act 1, 22). Os discípulos compreenderam estas mensagem do seu mestre. Quando mais tarde os cristão dos séculos que se seguiram poderam compreender pelos acontecimentos força destas palavras de seu Mestre, se considerou a morte gloriosa de seus mais antigos fieis discípulos como o coroamento de seu testemunho. Desde então, morte e testemunho ficaram entre si definitivamente associados.
1.1. Causas do martírio ou das perseguições.
1.1.1. O prejuízo popular
1.1.2. Toda a classe de crimes graves se atribuíam aos cristãos, que pareciam ser inferiores a mesma raça humana.
1.1.3. O prejuízo dos políticos
O número excessivo das conversões dos fieis ao cristianismo aumentava vertiginosamente. E isto não agradava aos políticos, que tinham uma filosofia de trabalho e ou de governo totalmente incompatível com a doutrina cristã.. os políticos viam os cristãos longe dos cargos públicos, apartados das festas cívicas, reagiam por completo ao culto nacional e a adoração da idolatria ( fazer uma comparação ao caso angolano ). Entretanto os cristãos eram bons cidadãos, obedientes as leis, aos magistrados, ao Imperador; mas negavam-se em adorar os falsos deuses do Estado e, por isso mesmo se mantinham longe das festas cívicas.
2. O cristão de hoje e a cruz que deve levar.
2.1. O maravilhoso testemunho dos mártires.
Os primeiros cristãos, como Cristo, aceitavam perder a sua vida pelo Reino de Deus neste mundo; entendiam com facilidade que não era possível ser discípulo de Jesus sem tomar cada dia a sua cruz; estavam dispostos a perder o prestígio, a família, situação cívica e económica ou a mesma vida, para seguir Cristo, o salvador do mundo.
2.2. O cristão hoje e o horror a cruz.
Os primeiros cristãos, ao aceitar a fé e o baptismo, já sabiam que se Cristo foi perseguido, eles também seriam ( Jo 15,18- 21). Ao contrário, muitos cristãos modernos não querem saber nada da cruz de Jesus; pensam que eles têm direito a evitá-la, isto é, querem realizar-se plenamente neste mundo, sem nenhum obstáculo; parece-lhes uma loucura, isto de “ perder a própria vida, tomar a cruz todos os dias e seguir “ a Jesus; de nenhum modo estão dispostos a sofrer por Cristo e por sua própria salvação.
2.3. A sedução de um mundo cheio de riquezas.
Muitos cristãos do nosso tempo, entre eleger dar culto a Deus ou as riquezas, escolhem precisamente dar culto as riquezas deste mundo. Não estão pois dispostos a deixar tudo para seguir, e menos ainda, a perder a própria vida por amor a Cristo.
2.4. O martírio de Cristo e dos cristãos
O cristão verdadeiro hoje ou dá testemunho de Cristo com suas palavras e suas obras, como mártires seus diante dos homens, ou desfalecem e renegando o Salvador, chegam a ser vencidos e até mesmo cristãos infiéis. Durante o nosso percurso vimos o testemunho impressionante dos mártires antigos. Significa que aqueles heróicos cristãos-soldados analfabetos, crianças, jovens, adultos, padres, Bispos...- tinham diante da perseguição uma vontade mais forte que a que hoje mostram tantos pais de famílias, religiosos (as), e fiéis em geral? Sim, tinham de facto uma vontade mais firme; mas, sobretudo, tinham um entendimento muito diverso ao hoje generalizado em muitos ambientes da Igreja. Estavam convencidos de que não era possível seguir a Cristo neste mundo pondo de parte a cruz de todos os dias até a morte. Isto era considerado por eles como sendo uma verdade de fé “cultura geral”.
Hoje em dia, são demasiados os baptizados em Cristo que ignoram esta realidade. A Igreja (comunidade Paroquial ) não – “martirial”, que sente vergonha da cruz, que trata de evitá-la, torna-se débil e triste, escura e ambígua, dividida, estéril e continuamente diminuída. Podemos concluir dizendo que, somente abraçando a Cruz de Cristo, pode a “Igreja de Deus vivo” ser no mundo “coluna e fundamento da verdade” (1Tim 3, 15 ).

FROM: MARTINHO KAVAYA (Brasil)
Por pertenceres a um continente das grandes descobertas, conheceste a colonização. Assim “à ida foste sempre a chorar”. Sendo país colonizado, foste quantificado no número dos sub-desenvolvidos, com os teus recursos naturais sub-aproveitados (...) À ida, foste sempre a chorar. Por pertenceres ao grupo dos países sub-sarianos, e, ainda mais, negro, foste catalogado como oriundo do chipanzé, pobre, miserável, indigente, pedinte, sempre criança de mãos abertas, sem iniciativas para se libertar desta situação periclitante... Quem te colonizou, assim te observou com seus óculos, te apresentou à humanidade, te vendeu como geração a ser eliminada (...) mesmo com os teus recursos naturais, capacidades intelectuais e potencialidades de vária ordem, permanecendo sempre a chorar e nunca crescer. Querendo despojar-te dos bens que Deus te deu e a natureza te reservou, foste feito assalariado dos grandes latifúndios que o tempo te oferecia. Sempre a chorar, ficaste na doca, na estrada, nas fazendas, na pedreira (...) em casa do patrão, cuidando crianças, cachorros, varrendo a casa, lavando o patrão (...) e, continuaste chorando, esperando pelo momento da liberdade. Aproveitando-se da tua força, sem escolarização, como dizia Salazar “não deixeis que ele faça, para além da quarta classe para que continue obedecendo”, sem abertura de horizontes, foste lançado para o comércio triangular e fizeram ti escravo, mão-de-obra barata, para te tornares construtor de grandes monumentos, que hoje, como construtor histórico, nem tens direito de visita, pois já carece de teu nome e esforço que bradam aos Céus, de modo que em alguns países aonde foste parar, tais como: Joanesburg (África do Sul), Brasil, S.Tomé e Príncipe, Portugal, Estados Unidos da América, etc. és, hoje, na conjuntura do todos, expressão do lúdico, desportivo, carnaval, pobre de rua, suspeita, criado, gatuno, aquele que dá pena, vagabundo, etc. Diante de tudo isto, como é possível não ficares sempre a chorar!? Angola acabaste sendo “osandji y’omeke yipayela ava yalya”, isto é, acabando por trabalhar para o enriquecimento das grandes potência, os opulentos da sociedade, aqueles que te colocaram a arma na mão com o princípio romano de domínio que diz: “divide para melhor reinares” e, fazendo de ti Angola, um País de fortes tensões, de guerras fratricidas, mundo de desequilíbrios, terra de pólvora, cemitério sempre renovado só de jovens que deviam ser os construtores de uma nova pátria, palco de negócio de todas as doenças, mercado favorável da propaganda hostil (...) e, tu continuaste sempre chorando. Assim, as tuas riquezas: petróleo, diamantes, café, sisal, palanca negra, as águas doces (chegando a ganhar o quarto lugar, nas grandes potências hídricas no mundo), energia elétrica, peixe, banana, milho, feijão, batata rena e doce, ouro, borracha, calcário, madeira, ginguba, sal, florestas, terras potáveis, reservas naturais, etc. passaram a ser denominadas indiretamente de riquezas estrangeiras, enquanto tu Angola, da África, do Sul de Saara e negra, passaste a ser visto como pobre, coitadinho e sub-desenvolvido. E, tanto quanto se saiba, pelo estudo aturado, sobre os sinais vitais do sub-desenvolvimento, podemos dizer que tal existe quando se registrar: A natalidade elevada (acho que não é o caso para Angola, já que pela extensão do país, até a densidade populacional se considera muito diminuta), mortalidade infantil, sub-alimentação, carência ou má gestão da água potável, habilitação deficiente, fraca cobertura sanitária, distribuição deplorável das riquezas, valorização das ninharias, braços demasiados na agricultura rudimentares sem as mínimas condições de renda, industrialização deficiente e insuficiente, subordinação econômica, desigualdades sociais clamorosas, uma classe média diminuta, desemprego e sub-emprego, analfabetismo, situação inferiorizante da mulher falta de meio de comunicação social ou uso e desfruto em prol dos exploradores, fraudulentos sociais, todos poderosos do país, etc. E,tu que refletes comigo a nossa historicidade nesta linguagem tão simplória, que dizes? Que havemos de fazer para sairmos desta situação catastrófica? Qual será teu contributo como verdadeiro cidadão que deve participar da política do país? Angola precisa de um novo sorriso, depois desta paz almejada e alcançada, através do teu entendimento contigo mesmo, sem a presença daquele que te dividiu para melhor reinar. Vamos juntos refletir, encetando o caminho para podermos salvar o ainda nos resta. Os teus filhos não voltem mais a chorar, não sejam mais vistos como os indigentes da sociedade, pedintes, fraudulentos, injustos... Não voltem mais a chorar pela falta do que comer. “Dai-lhes vós mesmo de comer”, o país tem, o país pode. É pouca vergonha com todos os nossos recursos estarmos sempre a choramingar aos que nada têm a ver conosco. Que os teus filhos, depois de reconstruído o país nas suas infra-estruturas, das mentes e dos espíritos, depois de tomar consciência do bem comum e repartição eqüitativa deste bem, depois de terminarem de chorar, voltem a cantar um hino de recuperação, por pouco tempo, de tudo o que se perdeu durante a colonização, a escravização, guerra fratricida de mais de três décadas. E tu missionário, diocesano ou religioso, que fazes para que o sorriso seja uma realidade em Angola? Diante das estruturas do mal, qual tem sido tua parte como artífice da harmonia, da justiça social, do desenvolvimento e da paz? Que por ti, à volta Angola cante um hino novo.

Minha Angola, nossa terra 

From: Domingos Kambila, Psdp, Buenos Aires
(dcambilayahoo.com)
O despertar de uma nação
A madrugada está ainda algo pardo, o ar matutino ainda é cizento. Por lá e acolá ainda alguma sombra faz confundir a aurola. Mas, certo é que o sol já desponta e o arrebol matinal presagia o raiar de um dia maravilhoso. Nesse mesmo arrebol matinal um vagido se faz ouvir, um vagido ainda algo dolorido, porque se trata justamente de uma vida que surge e, como tal, a dor é algo normal. De repente, como no primeiro dia da criação, as águas do caos primordial se separam e se reagrupam num só lugar dando oportunidad, novamente, um espaço onde a vida pode germinar.
Assim é minha e nossa Angola. Depois de tantos anos de guerra e do caos finalmente- graças a Deus - mas un capitulo se abre, mais uma história desponta no horizonte. A certeza inuda as almas seguras de que esse não é apenas um dos tantos momentos de recreio como outros, já que até ontém a nossa história há sido só uma historia de guerra com alguns momentos de tréguas.
Angola se soergue dos escalabros, magoada, com a dor ainda pugente, as cincatrizes são ainda visíveis, algumas feridas ainda sangram. Tímida, porém certo de que o pesadelo passou, e para sempre. Aos poucos o cepticismo cede lugar a fé, a certeza da paz domina as pegadas evidentes de uma guerra que durrou decadas. Alguns ainda não acreditam no sonho da paz que já é realidade. Mas contra factos não ha argumentos. A paz pelo menos como calar das armas é uma evidencia. Já lá vai um ano.
Hei estado em Angola, patria-mãe. Hei constatado in locus que realmente as armas se calaram e a Nação se ergue ansiosa para ganhar o tempo perdido. Ao chegar em Luanda alguma curiosidade irresistível me dominava a alma. Queria ver a novidade de uma Angola em paz. Ingenuamente, mesmo sabendo que só havia passado alguns meses desde que se celebrou o memorando de Luena, queria ver já o aerporto de Luanda igual ao Jhoanesburgo ou de Buenos Aires ou como o de S.Paulo algo modernizado. Porém não há milagres. O aerporto 4 Fevereiro ainda seguia igual si mesmo. Algo muito rudimentar. No entanto algo havia mudado: havia outro tratamento, havia mais ordem e civismo no tratamento das pessoas. Ja não havia aqueles maus tratos do passado. La fora vi as novas pontes com letreiros grandes dando boas vindas em portugués e em inglés igual que no aerporto de Buenos Aires.
A cidade de Luanda, porém, era igual a si mesma. Muita gente! Muito lixo! Candongueiros a torta e a dereita. Confusão no transito e tudo mais que sempre me havia acustumado quando vivia em Luanda e que agora me parecia coisa de outro mundo. O dia seguinte fui dar algumas voltas a cidade. Por lá e acolá algum monumento foi levantado, algumas coisas renovadas, otros edificios são erguidos. Enfim, na desordem algo novo estava surgindo...
Viagiei para Benguela de carro. Grande novidade! A estrada estava horrivél. Porém se podía viajar sem desconfiança de nada. Pela estrada se cruzam os carros sem problemas. Era realmente coisa para admirar. Os sinais da paz eram evidentes. Já em Benguela hei podido encontrar parentes e amigos que fazia tempo não via. Foi um momento de muita euforia, jubilo e alegria. Foi deveras um momento de encontro.
Me chamou atenção quando pela televisão pública passavam imagens de gente que buscava os seus familiares e também algumas imagens de alguns encontros entre parentes que faziam muito tempo não se viam. Tive realmente a sensação de uma uma nação que está se encontrando.
O caminho que fica por andar
As armas se calaram. Isso é óbvio. Fazemos voto que isso seja para sempre, justamente porque os angolanos já aprenderam muito com as duras lições do passado. Minha concepção é que de hora em diante os angolanos estão, a todo custo, disposto a viajar juntos para construção de um país digno e com orgulho de si. Um país- prafraseando José Eduardo dos Santos- que seja um bom lugar par viver.
Não obstante se o caminho que levou para o calar das armas foi duro, árduo será o caminho para a construcao da paz y do futuro. Haverá que atar cintos para não sucumbir no desanimo e magninamidade para não cair na ilusão.
Numa altura de coincidencias apreensivos, Angola terá que abrir o olho para ler a sua história e não caír nos erros do passado recente. Angola deverá saber ser ela mesma. Terá que aprender a ser adulto para, mesmo com as mãos dadas a solidariedade da comunidade humana, caminhar sozinho. Desta feita, terá que saber discernir as suas auténticas aspirações para projectar -se como nação autónoma. Terá que evitar prebendas com finalidades duvidosas das potencias de turno. Terá que rejeitar alianças escravizantes. Numa só palavra terá que discernir a solidariedade desumana e usureira que no passado hão servido para agravar a sua situação.
Angola deverá ser judicioso para não ser usado como foi no passado como um producto de comercio: um lugar de petróleo e de diamantes para disputar. Terá que saber edificar-se como uma nação que tem dignidade e direitos no conjunto das nações. É importante, ad rem, um espirito crítico para esbagoar alianças que não passam de Pactos com Demonios que na realidade ocultam projectos de destruição donde o visado participa activamente. É preciso evitar a manipulação benevolente daqueles que querem ajudar o país, porém que no fundo buscam dividendos para os seus interesses. Angola terá que evitar então ser tratado como um simples xadres económico disso que se chama glabalização no sentido mais negativo desse termo- que pode fazer dela uma terra de exploração petrolifera e diamantifera, espaço de detritos tóxicos, mercado privilegido de negocios turvos e consumidora de excedentes de de produção dos países ricos.
Num primeiro momento Angola terá que lutar a grande batalha de pacificar os espíritos para que o calar das armas se consolidem no compotamento e no espiríto das pessoas. Por isso, em circunstancias actuais é preciso novas formas de organização social e politica e exercicio de poder para reconstruir a nova sociedade. É urgente moralizar a vida publica para superar os tempos de desordem da guerra. É urgente criar um novo espírito patriótico onde prima um verdadeiro populus gens, (sociedade unida para um ideal de cidadania , mais que um aglomerado de homens). Para tal é importante cultivar auténticos valores de identidade nacional e lutar para uma comunhão nacional que unindo não confunde e distinguido não separa.
Uma sociedade que há vivido uma guerra de décadas, torna-se mister a primazia da paz das almas. Para tal a orgaização social e pública deve ser o primeiro labor. Resulta então necessário imprimir em cada Angolano um verdadeiro amor clermentiae: amor de clemencia. É primordial criar um estado que ponha como valor a utilitas reipublica: primazia das coisas públicas aos interesses pessoais. É preciso a generalis quietes: criar condições para a paz geral, aequitatetis iura: igualdade de direitos e a fides publica: garantia de compromisso público.
Tudo somado, Angola terá que fazer uma mundança radical, mundança que não devem ser feitos só porque o Fundo Monetario assim o exigem, mas cambio que visa o primado do desenvolvimento, não só económico, mas, e sobretudo um desenvolvimento humano que ponha acima de tudo os direitos homem.
Se impõe então o labor de construir a paz interior que exige antes que tudo fortacer a justiça e um complexo esforço de produzir cambios substanciais para uma nova consciencia. Por tanto nao se trata somente de salvaguardar a paz exterior- o puro calar das armas - mas também criar condições para uma paz que afecte a vida real de todos os Angolanos. É importante pacificar os habitos e os costumes. Essa é tarefa de todos os Angolanos do Norte ao Sul do Este ao Oeste. Porém manter a concordia deve ser o imperativo moral dos governantes, já que é necessário que aqueles que dirigem busquem soluções reais. A justiça é sobremaneira importante para este labor, ela debe ser savalguardada por todos e promovida pelos governantes. Os governtes devem mostrar um exemplo de justiça inquestionável. Devem governar com justiça para garantir a segurança e o bem estar de todos angolanos sejam eles: Bacongos, Umbundos, Fiotes, Tchokués, Gangelas, Kimbundos o Kuanhamas...
É preciso então combater a corrupção, o lucro fácil o enriquecimento ilicito que afecta certos sectores do aparelho do Estado. Isso supõe que todos aqueles que detém os cargos públicos recibam aquilo que lhes correspondem por direito para evitar o abuso do poder. Supõe, outrossim, um controlo sério das coisas públicas desenvolvendo um fisco justo, equitativo e clemente que consite em que ante a lei todos paguem o que lhes correspondem, e os que estão economicamente debeis sejam favorecidos pelo mesmo.
Os homens de cargos públicos devem cumplir e fazer cumplir as leis. Primeiro devem tomar a diantela de viver eles mesmo as leis de que são baluartes, porque só podem regir aqueles que são auténticos e sinceros. Os governates devem ser então espelho da justiça onde o povo se pode mirar pois a alma intemerata de um magistrado é mãe da decencia pública.
Enfim, é importante estabelecer un estado demócatico e de direito onde haja voz e vez para todos, onde o povo estaja seguro porque sabe que está nas mão de governantes, donde os homens públicos mostran uma conducta de acordo com honra dos cargos que ocupam, onde a vida dos cidadão na esteja em perigo e, em todas partes, o bem comúm seja fomentado por todos. Por isso é preciso que todos os angolanos participem da cena da sua história.
Certamente, isso tudo parece uma utópia, porém não é uma utópia que carece de um certo realismo já queira-se ou não é o único caminho para conseguir uma verdadeira paz. Já que a paz não é falta de combates porque já não ha combatentes, não é tão somente o silencio de armas por falta de quem as dispare, nem a simples harmonia por que já não há adversários. Pois “a paz dos impérios saídos da guerra se assenta na guerra e na devolve aos seres alienadados sua identidade perdida”.

Desabafos 

From: UPINDI PACATOLO
Lisboa (Estudante Angolano)
Olhando, a partir de fora, para aquilo que são os números e as evidências das falcatruas dos nossos governantes dá um sentimento forte de revolta. Falando com alguém, no Lobito, ontem(01.02.04), fui informado com grande mágoa que pelo segundo ano consecutivo o IMNE (Instituto Médio Normal de Educação Cde Nkwenha) não recebe novos alunos para a 9ªclasse; o ICRA(Instituto de Ciências Religiosas de Angola) dispõe de 75 vagas; a única escola que,ainda, recebe dentro dos esquemas "normais" é o PUNIV. Sabendo que os nossos morros e os bairros periféricos da cidade dispõem, na sua maioria, de escolas do Iº,IIº e IIIº níveis que futuro para esses nossos(as) irmãos(as) sem recursos financeiros para puderem frequentar os colégios privados que oferecem o ensino médio? Tenho medo de acreditar que fecham-se as portas do ensino médio público, dificultando intencionalmente o avanço académico dos já debilitados irmãos(as) nossos(as), enquanto o negócio dos colégios privados prospera, porque frequentado por aqueles(as) que podem e têem o "direito natural" de beneficiarem de uma formação média qualitativa. O ensino privado prospera em detrimento do público, que já só serve os desfavorecidos. Este quadro é muito redutor, mas serve aqui os nossos interesses. Muito se fala sobre a formação académica qualitativa, que é a chave do progresso. Mas que qualidade é essa que assenta na exclusão intencional e/ou intencionada dos(as) já desfavorecidos(as)? Que lugar para esses(as) nossos(as) irmãos(as) obrigados(as) a parar no tempo com a 7ªclasse, na Angola de amanhã? Hoje se lhes tira a possibilidade de se qualificarem para a vida profissional afastando-os(as) assim do mercado de trabalho qualificado , condenando-os(as) a uma vida indigna amanhã , numa Angola competitiva... Esse quadro tão desolador para a maioria dos
nossos(as) irmãos(as), que tende a reproduzir e perpetuar a desigualdade social poderá ser invertido, pelo menos a longo prazo, se hoje cada um de nós na
diáspora assumir um compromisso moral de denunciar esse sistema iníquo sempre que possível e, sobretudo, acreditar que pode fazer alguma coisa para mudar o
quadro: dentro das nossas limitações vamos dar uma oportunidade aqueles(as) irmãos(as) que precisam de um empurrão. Quem estiver a estudar que se considere
feliz e dê o seu melhor por ele e por aqueles(as) que não tiveram a mesma sorte. Serei eu mais um sonhador? Talvez sim. Mas acredito que é possível fazer-se alguma coisa: estudar... estudar...estudar e contribuir para que àqueles(as) que não tiveram a mesma sorte que eu,tenham uma formação académica virada para a cidadania livre, responsável e democrática , quando estiver em Angola. Não vou mudar nem revolucionar Angola, mas quero contribuir com aquilo que ajuda a libertar os irmãos(as) das garras do sistema vicioso de corrupção e opressão.

ESCOLARIZAÇÃO EM ÁFRICA 

Das grandes ilusões à pedagogia do projecto
From: JÚLIO KUVALELA ( Pró-jurista em Roma)
A expressão em epígrafe, é titulo do livro de Amadeu Ngula, sacerdote benguelense que terminou exitosamente o seu doutoramento em Ciências da Educação, junto da Universidade Pontifícia Salesiana. Aliás, o livro é resultado selectivo da tese defendida para a obtenção desse grau doutoral. No passado dia 16 de Janeiro, teve lugar no Centro Giovanni XXIII em Roma, uma sessão cultural de apresentação do livro aos intelectuais e estudantes universitários na urbe romana. A sessão foi promovida pela Associação Cultura e Solidariedade Internacional – “NSANDA”(, uma associação cujo objectivo é promover o intercâmbio cultural entre os jovens estudantes do norte e do sul do mundo, solidificando, desse modo, os nobres valores da solidariedade, da paz e da fraternidade. Intervieram na sessão o Dr. Filomeno Lopes (professor filósofo, escritor, músico, jornalista da Rádio Vaticana) de nacionalidade Bissauguiniense, o Prof. Carlo Nanni (Vice-Reitor da Universidade Pontifícia Salesiana) de nacionalidade italiana e, finalmente, o Dr. Severino Elias Ngoenha (filosofo e pedagogo, escritor, professor itinerante entre as Universidades de Lousane-Suiça e Eduardo Mondlane -Moçambique) de nacionalidade moçambicana.
Os preclaros intervenientes ressaltaram o carácter originário da obra, referindo-se ao contexto da lusofonia africana que carece amiúde de leituras históricas e análises fenomenológicas de todo um amálgama de questões: sociais, politicas, pedagógicas, filosóficas, culturais, económicas, etc. A obra “Escolarização em Africa, das grandes ilusões à pedagogia do projecto” propõe-se na procura de um modelo alternativo, devido àquilo que o autor chamou de falhanço das elites africanas. Aqui, o Dr. Ngoenha é de opinião mais positiva, porquanto ao que lhe parece, a tendência da maioria seja o acorrentar-se ao chamado afro-pessimismo, que precisamos ultrapassar se quisermos operar uma verdadeira revolução nos nossos modelos de educação e formação de sociedades. A tónica foi também colocada criticamente às políticas do Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional cujos interesses, muita vez, colide com os da UNESCO, organismo de tutela dos modelos educacionais em muitos países em fase de transição. E efectivamente, na procura de um modelo alternativo, o autor do livro recorreu a uma vasta bibliografia fornecida fundamentalmente pela UNESCO, facto logo perceptível ao percorrer a obra.
Foi um debate, em que se comentou o quanto o livro tenha vindo, de facto, a preencher um vazio, no quadro da literatura lusófona em África em temáticas de género, e depois em particular, para Angola, cujos aspectos educacionais foram exaustivamente enfocados pelo autor. Não admira que, muitos dos académicos presentes e estudantes universitários participantes ao evento, tenham saído desafiados a enveredar por séria pesquisa científica, para contribuir na edificação de sociedades novas e abertas, num mundo cada vez mais global. Uma aposta pedagógica de todos, uma vez que na formação do homem de amanhã concorrem varias vertentes, requerendo, portanto, uma interdisciplinaridade.
Oxalá, nos sintamos todos desafiados, para darmos uma ‘pedra de toque’ no concerto dos desajustes que esperamos não sejam já estruturais, como bem começou o nosso Amadeu Ngula, a quem damos parabéns pela brilhante obra! Que depois desta, venham outras!


Ao encontro da minha terra 

PADRE JOÃO PREGO MISSIONÁRIO DIOCESANO, EM PORTUGAL
Passados quase três anos, foi grande a emoção que senti ao pisar a terra mãe, Angola. Mas logo a minha alegria misturou-se com a tristeza pela miséria que saltava às vistas. Que anda a fazer esse governo, se já não há guerra que tudo justificava? Foi a primeira pergunta que me ocorreu. Na verdade só não derramei lágrima por força maior. Acredito que serão precisos muitos anos para a reconstrução do país, mas me entristeceu o facto de não descobrir nenhuma vontade dos governantes de melhorar o país. Por outro lado, sei que o desenvolvimento deste país depende do empenho de todos os angolanos inclusive os da diáspora, mas a primeira responsabilidade é do governo. Faz-me ainda sofrer, o facto de que 5% da população Angola, vivam escandalosamente no luxo e se gaste milhares e milhares para banquetes núpcias e 95% no lixo e em condições extremamente desumanas. Não posso esconder o meu desejo de que o actual governo seja deposto, visto ter dado provas de incompetências. Afinal, é um governo que não ama os angolanos nem Angola. Espero que as próximas eleições tragam um governo que ame e seja justo para com o povo. Quero apelar a todos os angolanos dentro e fora do País que nos unamos, cada um naquilo que poder, para o desenvolvimento do nosso estimado país e que nenhum angolano na diáspora seja tentado a viver para sempre longe da terra mãe. Isto seria cobardia e sintoma de falta de amor pelos angolanos e Angola.

Educar para o progresso! 

PADRE ALBINO SEGUNDA ( Espanhã)
De facto é assunto que muito me interessa, o da Educaçäo que muito contribui para o progresso de todos os homens e do homem todo. Progresso é também um dos aspectos da bem aventurança ou da salvaçäo para a qual está a Igreja. É muito bom que a Igreja tenha sua presença marcante na Educaçäo. Mas se deve ver mesmo bem o perfil das Escolas Católicas para que mereçam o nome de "Católicas", o que para mim significa que säo escolas näo "a-confessionais" e também a posiçäo dos católicos, sobretudo professores, no ensino público de modo especial para garantir a interdisciplinalidade ou em cadeiras que pretendem ser uma ideologia ou uma filosofia, fazendo de suas teorias verdades absolutas ou esmo "religiosas".
Por outro lado, penso que devia ser tempo da Igreja se valorizar também a si mesma, digo, valorizar a educaçäo e formaçäo que ela mesma dá. Esplico-me: Parto da minha esperiência. Aqui estou a estudar como "ordinário a efeitos eclesiático", porque näo temos um protocolo da equivalência dos estudos feitos no Seminário e isto porque...Näo estaräo a desprezar o ensino que eles mesmo däo? Enfim, espero que a Semana de Pastoral contribua a que se invista também meios para esta educaçäo e as ditas "congeminações" entre paróquias e outras ajudas sejam sensíveis a este tarefa importante. Penso que com o termo educaçäo falem também da alfabetização.

Estou ligado 

PADRE MACALA (ALEMANHA)
Quero felicitar-te pelo constante aggiornamento de noticias cujo beneficio tem sido sobremaneira útil. Eu estou bem e desde finais de Setembro que me encontro aqui na Alemanha por causa do "alemao", grande imperativo para os meus estudos. Estou a frequentar um curso intensivo atè na primavera (proximo ano). Só entao regressarei a Roma.

Sempre pela vida 

JÚLIA (Brasil)
O empreendimento do Pe. Adriano pela causa da dignidade social é muito louvável. É como dizia ao comentar sobre o Projeto "Justiça e Pão para todos". Tudo que seja para mais vida, mais dignidade, MAIS, seja bem vindo. Que haja mais Projetos, mais empreendimentos, mais ações, mais...PARABÉNS Pe. Adriano, parabéns todos os que de alguma maneira participam e colaboram para a Paz social, para a mais vidas dos angolanos, sobretudo as crianças. Santa Paula, nossa Fundadora, diz que "as crianças são a imagem de Deus sem moldura". Cuidá-las, protegê-las, promover o seu desenvolvimento integral é um dever e direito de todo filho de Deus.

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